16 de ago. de 2009

Reviews: HQ Watchmen Edição Definitiva



Título: WATCHMEN - EDIÇÃO DEFINITIVA (Panini Comics) - Edição especial
Autores: Alan Moore (roteiro), Dave Gibbons (arte) e John Higgins (cores).
Número de páginas: 456


Soviéticos vivem à beira de uma guerra nuclear, o assassinato do Comediante, um ex-combatente do crime, poderia soar quase como algo corriqueiro.

Mas não para o paranóico Rorschach. Depois que os vigilantes foram afastados devido à pressão dos policiais, ele foi o único que continuou suas atividades nas ruas. Mesmo contra a lei.

Agora, Rorschach quer saber quem matou o Comediante, que durante muitos anos realizou "serviços" a mando do governo. E por qual razão.

E quanto mais Rorschach se aprofunda na investigação, mais ex-combatentes do crime são envolvidos; e mais o que parecia uma tola teoria da conspiração ganha força.

Positivo/Negativo: Qualquer leitor de quadrinhos com um pouco mais de "bagagem" sabe que Watchmen é uma obra superlativa.

É uma das melhores HQs de todos os tempos e, ao lado de O Cavaleiro das Trevas, um dos marcos absolutos do mercado de super-heróis, pois provou que uma história com seres usando roupas colantes pode, sim, ser adulta.

Alan Moore dá uma aula de roteiro. Não só ao construir a trama, mas utilizando recursos como a metalinguagem. A forma como os textos de um subplot (como, por exemplo, o dos Contos do cargueiro) se encaixam na história principal é, no mínimo, genial.

E isso tudo utilizando e amarrando - e bem - conceitos como política mundial dos anos de 1980, teorias de fractais, relatividade, sistemas caóticos, física e viagens temporais. Moore faz parecer simples algo que em mãos menos habilidosas seria muito, muito complexo. Ele conhece os atalhos para construir uma grande história.

O roteirista ainda deixa o leitor com um gosto amargo na boca no final, pois é difícil não se ver obrigado a concordar com o plano de Ozymandias.

Watchmen fez com que personagens que só apareceram nesta aventura se tornassem ícones do gênero. E pensar que essa honra era para ter sido dos super-heróis da Charlton Comics. Que dureza! Ainda mais hoje, ao ver o destino atual do Capitão Átomo/Monarca, do Besouro Azul, do desaparecido Pacificador etc.
E o que dizer do tamanho da influência de Watchmen? Basta lembrar que, sem ela, certamente não teríamos visto, Christopher Nolan com  tanta coragem e visão para reinventar a franquia Batman de forma tão adulta e política,  e ele conseguiu com maestria, Batman Begins e O Cavaleiro das trevas são de longe os melhores filmes do morcegão.
Na arte, Dave Gibbons conseguiu algo que para muitos seria impossível: construiu páginas que estão no mesmo nível de excelência das palavras de Moore. Não bastasse o traço bonito e a narrativa competentíssima, a simetria que existe entre várias dessas páginas (algo que o leitor precisa de uma atenção especial para observar) é uma coisa para se apreciar inúmeras vezes.
Definitivamente, não é à toa que a obra coleciona prêmios mundo afora até hoje.
A revista Time elegeu Watchmen uma das 100 melhores obras em língua inglesa de todos os tempos.

Mais de vinte anos após seu lançamento, Watchmen permanece atualíssimo. Mesmo tendo Richard Nixon na presidência dos Estados Unidos e com o clima da Guerra Fria no ar o tempo inteiro. Nada atrapalha.

É indescritível a sensação de reler Watchmen várias vezes e sempre deparar com uma sensação nova. Mais: mesmo sabendo o final, a leitura continua sendo empolgante.

Por isso mesmo, é uma obra que deve ser republicada sempre que possível, para que novos leitores (não apenas de quadrinhos) tenham a oportunidade de conhecer essa preciosidade da arte sequencial.

Depois de ter sido publicada duas vezes pela Abril e uma pela Via Lettera, a Panini a relançou num único volume em capa dura e papel couché, equivalente ao norte-americano Absolute Watchmen, e em duas edições em papel Pisa Brite e preço mais em conta.

Graficamente, o acabamento do álbum é impecável, o melhor que Watchmen teve até hoje no Brasil. Com direito a mais de 20 páginas de extras como textos de Alan Moore (sobre a obra e a criação dos personagens) e Dave Gibbons, sketches, capas pelo mundo e até um trecho de um roteiro original.
Como o próprio nome diz Edição Definitiva, um pouco cara, mas vale cada centavo investido.


Por: Gledson Luís

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